por Talita Leite
O linguajar simples e o tom tranquilo fazem com que uma simples entrevista se torne um agradável bate-papo. Longe do holofotes, Jair Picerni vive no interior do estado de São Paulo, em uma cidade próxima de Campinas.
O treinador e ex-jogador tem hoje seus 66 anos, tendo vivido muitos destes no cenário esportivo. Dentro de campo, Jair Picerni defendeu Nacional, Guarani e Comercial, ganhando destaque na lateral direita da Associação Atlética Ponte Preta, clube no qual encerrou sua carreira de atleta e tão logo iniciou como treinador.
Em cerca de três décadas de profissão, Picerni tem um currículo com conquistas expressivas, como, por exemplo, a medalha de prata obtida no comando da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Além disso, Jair acumula passagens como técnico de diversos clubes, tais como a já citada Ponte Preta, Internacional, Santo André, Corinthians, Portuguesa, Sport, Al-Ain (Emirados Árabes), Nacional da Ilha da Madeira, Paysandu, União São João, Araçatuba, União Barbarense, Gama, São Caetano, Palmeiras, Atlético Mineiro, Bahia, Fortaleza, Brasiliense, Sertãozinho e Red Bull.
Jair Picerni - Naquela época havíamos feito cinco ou seis jogos contra o Corinthians e vencemos uns quatro até com certa facilidade. Foi um momento em que o nosso time era forte enquanto conjunto, tanto que o pontepretano sabe aquela escalação até hoje. Poderíamos ter vencido.
Talita Leite - Agora como técnico, como foi comandar a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de 1984?
Jair Picerni - Era muito complicado convocar jogador naquele período. O Campeonato Brasileiro estava em uma fase importante então os clubes resistiam muito na hora de liberar os atletas. Por isso optamos em utilizar a base do Internacional, que já estava desclassificado e misturamos com alguns jogadores de outros times. O jogo da final foi muito igual no primeiro tempo, mas na segunda etapa a França se utilizou da experiência que tinha e abriu vantagem...
Talita Leite - Outro momento marcante da sua carreira deu-se no comando do São Caetano. Em muito pouco tempo a equipe do ABC Paulista tornou-se vice-campeã da Copa João Havelange, do Campeonato Brasileiro e da Taça Libertadores da América, como foi isso?
Jair Picerni - Era um futebol alegre, jogado por uma equipe determinada. Ninguém conhecia muito bem aqueles jogadores, mas em pouco tempo de trabalho nós chegamos longe. O fato é que tudo que aconteceu naquela época com o São caetano se justifica, não foi nada por acaso, trabalhamos muito...
Talita Leite - Quanto ao trabalho desenvolvido pelo senhor no Palmeiras, como foi reconduzir uma equipe grande de volta à elite do futebol brasileiro?
Jair Picerni - Naquele momento nós mudamos o histórico do Palmeiras. Havia uma cultura de título e grandes contratações por conta da parceria de sucesso do clube com a Parmalat e fazer essa transição foi complicado. (...) Quando eu cheguei o time tinha uma boa técnica, mas para jogar a segundona, precisávamos de guerreiros. Subimos muitos garotos da base, felizmente deu liga e nós conseguimos mesclar os meninos com os mais experientes.
Talita Leite - Recentemente as equipes grandes que caem para a segunda divisão parecem retornar com mais força, a que o senhor atribui isso?
Jair Picerni - Quando uma equipe grande sofre um golpe como esse, tem que er feita toda uma reestruturação. Tem todo um planejamento traçado e a torcida acaba abraçando essa idéia. (...) O Vasco da Gama é um exemplo disso. Tirando essa fatalidade que aconteceu com o Ricardo Gomes - que é um profissional acima da média - dá para notar que a equipe está reestruturada. Foram feitas contratações certeiras e desse jeito eles podem até faturar o título desse ano.
*** esses são trechos da entrevista que fiz com o ex-jogador e técnico Jair Picerni na última semana, no dia 20 de setembro de 2011.
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